Rafaella Maiello

Psicóloga e Psicanalista

CRP 06/117568

Blog_Psicanalise-online-640x640-pglp3b85aso42cnj5cj4bypl2veg59z48xveh2z2k0

Parte 4: Os medos do online

Agora vamos olhar o lado “não tão bom” do online. Ao mesmo tempo em que pode ser um alívio pensar que, apesar dos pesares, podemos manter as sessões, também pode ser um tormento lidar com essa configuração diferente do relacionamento pela tela, ou em alguns casos, apenas pela voz.

Quando é o caso do paciente estar em casa acompanhado de familiares, o medo pode ser ainda maior, de que as pessoas em casa possam escutar, interromper, ou ainda em alguns casos, que os familiares finalmente saibam que o paciente faz análise. Nesses casos, orientações são importantes para amenizar um pouco esse medo, como por exemplo, usar sempre o fone de ouvido para se comunicar, deste modo o som não “vaza” para o ambiente, além disso, a porta do cômodo deve estar fechada. No caso de espaços abertos e/ou públicos, se manter afastado das pessoas, utilizando o fone de ouvido. Em casa com os familiares, ainda é possível pedir para que a outra pessoa também use um fone de ouvido ou assistir algum vídeo no celular, na televisão, algo que a mantenha ocupada enquanto o paciente faz sua sessão.

Todas essas orientações são válidas para ajudar a amenizar os medos, mas ainda assim, o medo pode conter um outro lado mais aterrorizador, em psicanálise chamamos de um lado mais persecutório, de modo que, apesar de seguir todas as orientações exemplificadas acima, o paciente se mantém hipervigilante, com uma sensação de que é observado por alguém, esse alguém portanto, se torna invasivo e ameaçador. Nesses casos, o online de início pode ser desafiador, algumas pessoas conseguem através do bom vínculo com o analista, superar estas barreiras e seguir adiante mais confiantes e seguros quanto aos seus “pensamentos”, diminuindo o medo e a sensação de ameaça e invasão. Em outros casos, porém, os pacientes não conseguem vivenciar e superar este medo e acabam por não dar continuidade ao método online ou encerram sua análise naquele momento.

Este é o texto que encerra a série “Psicanálise online, funciona?”. Por fim, gostaria de deixar minhas últimas elaborações. Como método psicanalítico, independente da distância (online ou presencial) e do ponto de partida (começar no presencial e migrar para o online, ou vice-versa), as características principais da psicanálise se mantém também no online, sendo elas: a disponibilidade, a confidencialidade e a escuta por parte do psicanalista. Uma vez que exista condições no paciente de estabelecer um vínculo de boa qualidade, a dupla pode se manter unida e trabalhando, em análise. Afinal, os vínculos que estabelecemos com bons objetos, se mantêm integrados e preservados dentro de nós, desta forma eles operam e se mantêm, mesmo à distância.

Tags Similares

Compartilhe:

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Rafaella Maiello

Rafaella Maiello

Sou Psicóloga Clínica formada pelo Centro Universitário São Camilo (2013) e Psicanalista em formação pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Antes de me dedicar integralmente à prática clínica, construí carreira de oito anos em Recrutamento e Seleção

Posts recomendados